quarta-feira, 1 de julho de 2015

Pra lá de Bagdad!

Vou iniciar esse relato de aventura contando como foi o início de tudo. Não da parte que Deus disse faça-se a luz... mas da parte em que decidimos vir morar na Arábia Saudita. hahaha

O que eu sabia da Arábia além de camelos, deserto, mil e uma noites, terroristas, petróleo e Sheiks? Não muito... Então desde a primeira vez que esse assunto veio à tona, fomos pesquisar que raio de país é esse.

Já começa cheio de restrições: a Arábia não é uma país turístico então não é qualquer um que pode entrar, mulher não dirige, mulher tem que se cobrir pra sair na rua, país extremamente religioso e rígido, etc... etc... Só assim já assusta e intimida, né?. Mas fomos mais à fundo. Eu pesquisei muito, conversei com brasileiras que moram aqui e aos poucos muitas fantasias foram desmistificando. Colocamos então na balança todas as vantagens e desvantagens de mudar de país. O lado do “muda sim!” pesou mais, por inúmeros motivos pessoais meus e do Camilo e também por motivos lógicos.

E depois de quase um ano de tramites com vistos, preparações psicológicas, expectativas e medos, lá fui eu de mala e cuia (não literalmente, fiquei com medo de andar com erva e bomba na mala pra esses lados, hahaha) pra terra do Alladin.
No aeroporto em Porto Alegre. Eu e minha casa.

O que falar das primeiras impressões?

O vôo São Paulo – Abu Dhabi levou 14 horas, viajando de Etihad, vôo tranquilinho, comida sendo servida a todo tempo, eu acordava pelo cheiro dos petiscos passando no corredor. 

Era um voo bem miscigenado, gente de varias partes do mundo, muitos asiáticos (porque é caminho para o Japão), africanos e brasileiros claro (já dominaram o mundo, onde chutar uma pedra sai brasileiro de baixo :D). E no voo o primeiro contato mais verídico com a língua árabe. Sim conhecia algumas letrinhas, mas não entendia nada. Tranquilo porque com inglês você vai longe.

Em Abu Dhabi já presenciei a hospitalidade de uma árabe que quando perguntei onde tinha água pra vender, a moça me deu uma garrafinha das dela. Eu andava com a minha abaya na mala de mão, então quando cheguei no aeroporto, já começou a circular a mulherada coberta. E eu tava tão empolgada com a nova brincadeira que mal cheguei e fui pro banheiro colocar a abaya. Gente, é abaya e não burca, nos próximos posts vou falar da diferença. Mesmo não precisando, fiquei de abaya e não me incomodou em nada.
Na hora de embarcar pra Dammam, na Arábia Saudita (lembrando que Abu Dhabi fica nos Emirados Árabes que é outro país) veio a surpresa do dia. “Seu acento agora é o 5C”, e meus olhos brilharam quando descobri que esse assento ficava na primeira classe. Foi só sair do Brasil pra minha sorte mudar! Hahaha, pra quem nunca ganhou nada nem em rifa, um voo de 50 min na primeira classe é o paraíso.

Mal consegui comer os quitutes que serviram, 50 min de voo passa muito rápido. Cheguei na Arábia feliz e contente até ver a fila da imigração. Gigante, cheinha de gente vindo tentar a vida no país do ouro negro. Nesse momento o coração apertou ao ver toda aquela gente, muito humilde, quem vem pra cá fazer serviço pesado, ou até mesmo servir chá, pra mandar o dinheiro pra família nas Filipinas, Índia, Paquistão, as vezes mal falando inglês. Agradeci a Deus por ser generoso comigo, aliás agradeço sempre.

Passado o choque, mulher aqui se cobre, mas é cheia de privilégios, me passaram pro começo da fila fazendo minha experiência na fila de imigração durar no máximo 30 minutos (o Camilo levou umas duas horas), de lá mais alguns minutos esperando a bagagem com o coração na mão de medo de ter sido extraviada.

Finalmente saí, devidamente já coberta nessa hora, ao encontro do meu Camilo. Cheia de saudade, calor e curiosidade. Cheguei de noite, não deu pra ver muita coisa no caminho do aeroporto até em casa. Mas cheguei inteira ;)

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